terça-feira, 17 de março de 2020

Abutres do algoritmo

Profissionais de marketing digital surgem aos montes, todos os dias, mesmo sem conseguir definir o que é Marketing ou sem base teórica para entender a Comunicação por meios digitais, como se o Marketing e a Comunicação fossem apenas a tarefa de identificar o público e suas dores e, posteriormente, atingi-los com campanhas impulsionadas pelas redes sociais.

Alguns deles são mais expertos! Juntam todo tipo de rastros deixados por usuários descuidados, invadem a privacidade dos usuários atentos e conduzem o gosto da maioria com maestria, mas não passam de abutres digitais, que se alimentam das sobras deixadas pelas gigantes da internet.

Quebrar protocolos, “adivinhar” o pensamento médio e entregar o que a massa mais comenta no momento é a expertise desses. Autoproclamam-se especialistas porque conseguem construir uma estratégia de “conteúdo turbinado”, capaz de ranquear organicamente como um foguete, mas não entregam verdade.

Conteúdo que diz o que o público quer ouvir é diferente de conteúdo que diz o que o público precisa ouvir.

Como jornalista, não posso deixar passar batido a pegadinha que transforma propaganda em conteúdo. É como aceitar ficção por documentário.

Não é esse texto crítico ao método (cada um, com sua ética, que julgue a forma), mas traz uma reflexão ao resultado.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Escava Som: The Korgis

Esta semana, a música escavada é “Everybody’s gotta learn sometime”, da banda inglesa The Korgis. A versão foi gravada no programa Toppop, da TV Nacional da Holanda, em 1980.

Essa canção também ficou conhecida na versão que integrou a trilha sonora do filme “O brilho eterno de uma mente sem lembranças”, gravada pelo cantor e compositor americano Beck.



terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Escava Som: Ariano Suassuna

A música escavada de hoje é um pouco inusitada, mas também rara. Já no clima do carnaval que se aproxima: Ariano Suassuna e Antônio Nóbrega tocando “Madeira que Cupim não Rói”, composta em 1963 pelo pernambucano Capiba. O autor de frevos, que também foi zagueiro do Campinense Clube, fez referência à árvore Aroeira-do-Sertão e embalou diversos carnavais em Olinda.

Ariano, que adorava a marchinha, além de gravar esse registro histórico durante uma entrevista televisiva, também dedicava a canção para o amigo Eduardo Campos, quando participava de seus comícios eleitorais.

Confiram ai:




Até a próxima terça.

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Escava Som: Strawberry Fields Forever

Praia de Almeria, Espanha, setembro de 1966. Durante as gravações do filme “How I Won War”, John Lennon, que encenava o papel do soldado Grippweek, começa a ensaiar sua produção enquanto artista solo, já que era a primeira atividade musical sem os outros membros do quarteto.

Naquele litoral ele compôs os primeiros versos da canção escavada de hoje: “Strawberry Fields Forever”, que trago em uma gravação caseira, feita em voz e violão.



A canção, idealizada inicialmente como um blues lento, tinha apenas os versos finais e o refrão que viria ser conhecido na versão definitiva. Tratando de lembranças da infância e da convicção de ser diferente, por sentir o que os outros não sentem, John se descreveu como gênio (“High”) e louco (“Low”), construindo versos que demonstravam uma proposital hesitação nos conceitos que o levava de volta ao orfanato que, enquanto jovem, visitava com a tia em festivais de verão.


Strawberry Fields também era o lugar que John, junto com amigos, usava como esconderijo para consumir bebidas alcóolicas e cigarros. Um refúgio do mundo. Um universo que, revisitado, torna-se um lugar secreto dentro da alma. Os doces da infância se misturam com a fumaça e com o álcool, resultando em psicodelia e surrealismo.

A versão final, reorganizada e com a acréscimo de mais versos, estranhamente não entrou no álbum seguinte a sua gravação, Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, vindo à luz apenas no compacto duplo Magical Mystery Tour, EP com a trilha sonora do filme homônimo que os Beatles gravaram como um especial de natal para a TV britânica em 1967.

Na próxima terça mais uma música escavada, não percam!

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Escava Som: 1977 da Legião Urbana

Sete anos atrás postei neste blog um áudio da Legião Urbana até então inédito. Àquela altura, não havia esperança de volta para a banda e nem eu sabia que esse texto voltaria a ter relevância. 

Iniciando uma nova seção, na qual me proponho a trazer à luz músicas como essa, inauguro a coluna “Escava Som” com a 'repostagem' dessa relíquia.


1977 foi gravada durante a produção do primeiro disco da Legião, em 1985. Por algum motivo, a canção foi cortada do set list do álbum como conhecemos. Em 2015, na preparação para as comemorações dos 30 anos da banda, Dado e Bonfá tentaram incorporar, como faixa bônus, a música em um disco comemorativo. A tentativa frustrou-se quando, por meio de registro no Ecad, Giuliano Manfredini (filho de Renato) reivindicou a autoria da canção para o pai, negando a parceria, como propõe os demais integrantes. 

Então fiquem ligados: toda semana uma música escavada.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Circo de sol e asfalto


Meio-dia. O suor desce na testa do artista, leva embora a maquiagem que deve ter sido feita em casa. O sol desmancha muito mais do que a tinta, enruga o rosto. Concentrado, carrega um semblante atento sob a máscara do sorriso circense. O traço é latino, quase jogador de futebol de seleção argentina, suas roupas são de palhaço pobre, mas a postura é de trapezista. Uma luta para não deixar sua essência cair no asfalto.

Malabar longe da lona. Seu picadeiro é a faixa destinada aos que atravessam a rua sem perceber o espetáculo que acontece no grande circo da realidade. Seu número, talvez ensaiado sem espelho, tem a atenção dividida com panfletos de promoções imperdíveis e outros entes que apenas pedem dinheiro.

São muitos olhares. O respeitável público possivelmente não o respeita. Viram-lhe o rosto, sobem os vidros dos seus automóveis, como se fosse possível criar uma nova realidade, sem suor, sem ruídos, sem fome e sem circo. Outros sorriem de volta. Percebem o imperceptível, abraçam a arte e o artista. O semáforo libera o fluxo e o malabarista agradece. Uns questionam sua atitude. Tolo! Prolongar a peça até o sinal verde e não cobrar pelo serviço. Os que sorriram sabem: bravo!

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Alan Pear lança “Petálica”

O cantor e compositor santa-ritense Alan Pear acaba de lançar seu mais novo disco solo, o “Petálica”. Um projeto autoral com uma mistura bem elaborada de rock e temas locais que narram as vivências do vocalista da banda Anemone.

Petálica é um álbum concebido em estúdio, com a preocupação de soar como algo independente e que não pareça estar conectado aos modelos do mercado midiático da música. Além das letras que tratam de sexualidade, família, tecnologia e sociedade, Alan traz em suas composições uma variedade de timbres que ambientam cada tema abordado.

Disponível no Youtube e no SoundClound, o disco foi lançado oficialmente no Espaço Cultural José Lins do Rego e está disponível para download na página oficial do cantor no Facebook.