sábado, 28 de abril de 2007

Fast food e a vida digital em banda larga

Que comodidade é essa encontrada na nossa sociedade, na idade contemporânea: compras sem sair de casa, comida pronta em segundos, crédito virtual no ônibus, metrô, hotel, farmácia e padaria.

Trabalho da faculdade? Pesquisa para a monografia? Tudo isso em dois clicks de mouse e lá se foi a essência de pesquisar e aprender. Se está pronto mesmo, por que ter o trabalho de pensar?


Ir a sebos e livrarias, e frequentar antigas lojas de CDs e LPs é programa fora de moda, tendência tão levada à sério que quase leva tais estabelecimentos à extinção. Comprar o livro? Posso baixar o resumo em segundos! Comprar um CD? Faço o download de toda discografia em menos de uma hora e se gostar do som, compro o CD em algum mercado virtual.


E assim se vai o encanto de sair de casa, passar horas foliando livros antigos em sebos empoeirados, escolher a dedo cada ingrediente do jantar, ficar na dúvida de quais CDs comprar ou de perder-se nos corredores das mais poéticas faculdades: as bibliotecas. E no caminho de volta para casa perder o retrato na lembrança, do sol que se pôs atrás dos prédios entre as árvores, visto pela janela do ônibus lotado de pessoas interessantes.


Fique em casa, escute aquele MP3 que você adora, aquele que seu amigo lhe enviou pelo MSN, responda aos contatos do Orkut, ponha a lasanha no micro-ondas, compre o supérfluo essencial via internet, leia o resumo daquele livro genial e seja feliz.





[ao som de M.A.Q.E]

A Idade dos Papéis

Dizem por dizer que vivemos na idade digital, era dos chips e processadores ultra-velozes. Eu digo que estamos chegando lá, mas vivemos ainda o ápice da Idade dos Papéis. Precisamos do papel quase tanto quanto precisamos de água potável e de comida. Nossa sociedade não vive sem papel higiênico, guardanapo, papel toalha, bloco de notas e jornal impresso em papel reciclado. Ainda mais: O que seria das pessoas sem a cidadania contida nos papéis vitais ao cidadão: Certidão de Nascimento, Cédula de Identidade, Habilitação e para os homens a Certificado de Reservista?!

A dependência vai ainda mais longe: como provar que você mora na casa em que você mora, se não apresentar a cópia autenticada do comprovante de residência? E como requerer os seus direitos de proprietário se não estiver de posse da escritura do imóvel?


No meu caso, faço o alarde para outros papéis: os de importância hierárquica, os que estipulam valores, pois o papel higiênico está presente em quase todas as classes sociais desta nação, mas existe uma má distribuição de papeis penduráveis em parede. Certificados e diplomas. Os mesmos não têm o fácil acesso que dizem haver na nossa pátria, mas o duro é viver sem eles.


Por mais que você seja bom em qualquer coisa, sem nenhuma dúvida, algum dia, numa das entrevistas da vida, irão te pedir certificado de um curso preparatório daquilo que você se propôs a fazer. Mesmo sendo o melhor num raio de seis mil trezentos e setenta e um quilômetros (o raio da terra), se você for uma daquelas pessoas que são autodidatas assumidas, vai escutar a mesma frase de sempre, criada na sala de recursos humanos: "seu currículo é muito bom, entraremos em contato com você".


Não há vagas na minha concepção: estamos mesmo na Idade dos Papéis! Lembrando por fim que com o papel moeda realizamos e compramos todos os outros papeis, desde o higiênico até o emoldurado que fazemos questão de exibir em nossas paredes.




[Ao Som de Johnny Cash]

A razão dos outros por viver, fascina!

Antes de mais nada, é bom voltar a escrever!

E mesmo que nesta rotina fria e monótona eu não tenha tempo para nada, pelo menos duas ou três linhas não posso deixar de escrever.


Voltando ao tema: tenho achado tão fascinante a razão dos outros, que tenho passado de músico idealista a produtor alimentador de sonhos alheios. E isso é até divertido!


Não que eu tenha abandonado definitivamente tudo o que tanto sonhei, mas estou calculando os sonhos dos outros também e isso tem sido instigante, doutrinador, divertido e de muita, muita responsabilidade mesmo.


Em busca de um ponto final, até por que preciso trabalhar... deixo esta análise introspectiva e intransferível: "Será realmente satisfatório se deixar fascinar pela razão de vida dos outros?"


[Ao som de Cure]