quinta-feira, 26 de março de 2009

Passando Sobre Nós

Todo parecer desleal é, tão somente, vontade de ser melhor. Quando alguém insiste em tentar nos dar conselhos com base em especulações sobre nossas vidas, esse ato glorioso, torna-se uma comédia grosseira.

Eloquentes, mas geralmente sem a hermenêutica necessária, nos tiram as vírgulas e nos cobrem de interrogações, com as quais, nem mesmo cabe a eles as respostas. Acho até covardia falar sobre o que não se sabe, mas trazendo esse contexto para mim, se falasse apenas sobre o que domino, este blog estaria lotado de postagens sobre eletrônica e guitarra. Antes covarde, que medíocre!

Passam sobre nós conclusões tão superficiais quanto suas vidas e esquecem que na multidão de palavras, a chance de haver um emaranhado de imbecilidades é bem maior (mas não vou me ater à estatística, nem a informações exatas, sou péssimo nisso).

Sem tempo a perder - Poucos são os que sabem que é necessário filtrar o conteúdo dos amigos, colegas e familiares. Não porque somos melhores, mas a busca por crescimento tem melhor resultado no filtrar calado, do que no falar atropelado.



sábado, 21 de março de 2009

Aceitando Fatos

Não busco a volta por cima.
Não aceito pelo nome.
Não concordo com essas palavras.
Não remonto quebra-cabeças.
Não nego a indiferença.
Não amanheço novas idéias.
Não recorro à contraceptivos.
Não abuso da boa vontade.
Não estou à procura de nada.
Não estimo cacos de vidro.
Não me preocupo com o preço da gasolina.
Não durmo o suficiente.
Não quero merecer carinho.
Não tenho medo da banalidade.
Não vivo sonhos alheios.
Não sonho coisas minhas.
Não quero escrever.

Não estou bem!


sexta-feira, 20 de março de 2009

Traga-me Algo pra Animar

Hoje eu sei: pensava ser maduro há tempos atrás, sem o ser. Mas será que constatarei daqui a dez anos que não sou maduro agora?

Creio que madurecer não significa perder o encanto, incrustar-se de lembranças vagas sobre situações melancólicas, pagar as contas, assumir responsabilidades, morar sozinho... mas a capacidade de refletir e tirar conclusões honestas à respeito de si. Entendo que é preciso assumir responsabilidades, guardar lembranças... Mas acho que se desfazer de ilusões é o ato crucial e por fim, ter a consciência limpa.

O problema é alcançar essa maturidade (conclusão honesta a respeito de si), quando “nosso mundo está errado; quando o que temos é um catálogo de erros; quando precisamos de carinho, força e cuidado”, e todos, por isso, se afastam. É o tal “mecanismo indiferente” que o Renato Russo nos sugeriu em seu “Livro dos Dias”.

A conclusão sincera: tenho me afastado de mim, usado de arrogância medíocre, deixando certezas juvenis para trás e “Perdendo o encanto antes cultivado”. Ando mergulhado por querer numa piscina de solidão, sem saber com o que sonhar. Perdendo o gosto pela leitura, sentindo-me velho, feio, gordo e incapacitado. Agindo de forma intolerante e mesquinha. Vestindo roupas que não me agradam. Concordando com planos que não condizem com o que acredito. E tantas outras coisas... Mas tudo isso com a consciência tranquila, por ter coragem de enumerá-los.

Prosseguindo nesse novo caminhar: Espero que, muito em breve, venha um post para o marcador “Das Coisas que Eu Entendo”.



quarta-feira, 11 de março de 2009

Quando os Refrões são Legais...

Já foi dito aqui: sou um pesquisador de produções musicais independentes, de boa qualidade e divulgadas na Internet. Quando começo a ficar nervoso por não aguentar mais as músicas que escuto, é fato: preciso pesquisar coisas novas! Não é que em dias assim eu delete tudo e/ou jogue fora minhas coleções, mas fico ansioso para ouvir progressões melódicas diferentes (talvez por ser um músico que aprecia o improviso), letras que tentem sugerir outros temas, ou mesmo com um outro ponto de vista para idéias já compostas antes.

Foi com essa minha agonia (no bom sentido), que conheci a banda de rock gaúcha Pública, o mpb do conterrâneo Ditelles Araújo, a simplicidade perfeita da banda TMD, a falta de cerimônia da banda Polara... e por ai vai. Hoje, quando por indicação resolvi pesquisar sobre a Daysleepers (banda sergipana, muito boa por sinal), achei o trabalho de um cara que, a princípio, em caráter de curiosidade, baixei o seu disco. Falo do Daniel Lopes, um antigo parceiro do também cantor e compositor Leoni.

Tomei um choque! Escutei logo de cara a música “Mais e Mais Refrões” e as frases iniciais pareciam ter sido compostas para eu ouvi-las ali mesmo, sem tirar nem pôr nenhuma letra. Talvez pela fase de “entressafra” que atravesso. Mas é muito bom sentir as músicas pra si!

Você pode reinventar
Se transformar
Em mil versões
Você até trocar
O que é real
Por ilusões
Palavras vêm voando
E quando caem
Querem se juntar
Vão se amontoando até formar
Mais e mais refrões
Você pode deletar
Se incomodar
Com as intenções
Você pode interceptar
Ondas no ar
Nas dimensões
Palavras vêm voando
E quando caem
Querem se juntar
Vão se relacionando até formar
Mais e mais refrões
Você pode descartar
Se resguardar
De alguns verões
Mas não pode mais negar
Sempre haverá
Novas canções
Palavras vêm voando
E quando caem
Querem se juntar
Vão se relacionando
Até formar
Mais e mais refrões

[Mais e Mais Refrões – Daniel Lopes]

terça-feira, 10 de março de 2009

Comprar um Melhor Amigo

Não é por uma simples questão de não ser ou não ter um melhor amigo, muito menos por não me emocionar em despedidas. O difícil mesmo é parar e não saber pra onde ir.

Queria dominar a arte japonesa do Haikai e escrever sábios textos em apenas três versos, sabendo que o mais profundo desse costume oriental é aplicá-lo na vida e não apenas compor o terceto. Se é difícil aplicar três frases simples às nossas vidas, imagine como seria aplicar alguma dessas crônicas pessoais e intransferíveis, cheias de palavras soltas e ambiguidades morais! Estupidez.

Este é o caminho
Ninguém mais o percorre
Salvo os que retornam daqui

Gostei desse outro também:

Manhã, cedo
Abrem-se os olhos e
Vê-se

Mas voltemos às palavras menos sábias: quase comprei um novo cachorro hoje. Era um gentilíssimo, manhoso e carente Labrador que avistei de longe, preso em uma pequena gaiola, à venda em um petshop. Não foi o preço, nem a mordida para chamar a minha atenção e nem a insistência da minha avó para ir embora, mas foi algo do tipo: “esse ainda não é o seu Labrador!” Sei lá, vai entender-me! Espero um dia encontrar um melhor amigo que seja meu em verdade, ou um melhor amigo que me empreste dinheiro sem usura.

No mais, planejo para 2009 a compra de um cão labrador, de uma nova guitarra Fender e de muitas outras coisas. Acho até que quero pouco... Mas há quem ache que eu não mereço! Acreditem.