Somos tão jovens
Muito se especulou sobre o filme que narraria a vida e obra
de Renato Russo. Assim como com as biografias, diversas que existem, nunca me
interessei pela especulação. O ponto de vista de alguém que o conheceu, que o pesquisou ou até
quem sabe, criou estórias, é bacana, mas não imperdível. Prefiro a minha versão da
história, versão que concluí sendo fã, sendo um legionário.
Resolvi dar o braço a torcer e conferir “Somos tão jovens”,
que assim como as inúmeras biografias do Renato, foi uma proposta de contar a
sua trajetória, na vida e na carreira. Para mim, proposta pretenciosa.
O filme não falha sobre os principais pontos da vida e obra
do trovador solitário, é verdade, mas deixa a desejar nos detalhes. A autoria
de algumas músicas está disposta em lugares errôneos na linha do tempo do filme. A pouca ênfase que se deu a importante participação de Herbert Vianna no rock
de Brasília e na carreira de Renato, não condiz com o real. E, por fim, não
lembro de ter visto no filme que foi o André Petrorius quem batizou o Aborto
Elétrico, inspirado em uma ocorrência policial na UnB, que resultou no estupro
de uma estudante grávida com cassetetes elétricos.
Contar a história até a época anterior ao sucesso foi um
acerto. Acerto também visto no filme do Zezé di Camargo, afinal, todo o resto da trajetória, o mundo já sabe.
No geral, um bom filme. Apenas bom.
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Faroeste Caboclo
Esperava o drama-aventura-faroeste-candango-caboclo-brasuca.
Vi nada além de filme para televisão. Não que seja ruim, mas é que falta na
narrativa algo que nos remonte a visão de mundo que o Renato ofereceu na letra da
música. Um novo embate acontece na canção, não são burgueses e proletários que
batalham pela dominação. É algo mais simplista, mais reducionista. A batalha de oprimido
e opressor se dá entre Joãos, pobres e bandidos, enquanto a classe média apenas
observa, não acredita no que vê na TV. O filme se agarra ao final e traz ele
logo de cara. Mostra a que veio, mas não traz a essência da música.
Por fim, se trata de uma adaptação baseada na canção. Não
precisa ser minuciosamente comprometida com o fidedigno. Apenas amarrado a ideia final.
***
Recomendo os dois, pois a vida e obra de Renato Russo
precisa ser lembrada e relembrada.