segunda-feira, 15 de agosto de 2011

As Impossibilidades Possíveis

“Sonharás uns amores de romance, quase impossíveis. Digo-lhe que faz mal, que é melhor contentar-se com a realidade; Se ela não é brilhante como os sonhos, tem pelo menos a vantagem de existirem.”
[Machado de Assis]

Falar sobre sentimentos é perigoso, principalmente neste blog. Lembro de várias repercussões especulativas ou conclusivas sobre textos que postei aqui. Uns poucos, pessoais, outros fictícios. Mas para não perder a linha criativa que hoje caiu sobre mim, prefiro postar mais um.

Ouvi que impossível é uma palavra muito forte para pospor a palavra amor. [E ela falou uma verdade] Não se vive de amor impossível, não se sente algo impossível! Mas o impossível é belo, cativante e muito mais brilhante que uma possibilidade real, o que o torna irresistível. Sendo então, a junção de algo fidedigno com algo irrealizável traz um resultado de quase ternura. Antes um amor impossível que um desamor genuíno. Tolice!

Muitas coisas são impossíveis, mas nunca consegui entender a impossibilidade de sentir algo. Talvez esteja aí a arte de dar sentidos diversos aos significados, dos ‘deslimites’ das palavras, como o Manoel de Barros nos ensinou: “Eu escuto a cor dos passarinhos”, “Dar ao pente a função de não pentear”. Impossibilitar algo possível.

Vamos mudar o agente impossibilitador dessa tarefa, porque não é o amor algo impossível, é o indivíduo incapaz de vertê-lo. Atribuir essa culpa a algo inanimado é covardia. Sabe-se bem de todas a possibilidades pré e pós sentimentais.

Todas as impossibilidades são possíveis, mas nos sobra tempo, coragem e amor.




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