sábado, 28 de abril de 2007

A Idade dos Papéis

Dizem por dizer que vivemos na idade digital, era dos chips e processadores ultra-velozes. Eu digo que estamos chegando lá, mas vivemos ainda o ápice da Idade dos Papéis. Precisamos do papel quase tanto quanto precisamos de água potável e de comida. Nossa sociedade não vive sem papel higiênico, guardanapo, papel toalha, bloco de notas e jornal impresso em papel reciclado. Ainda mais: O que seria das pessoas sem a cidadania contida nos papéis vitais ao cidadão: Certidão de Nascimento, Cédula de Identidade, Habilitação e para os homens a Certificado de Reservista?!

A dependência vai ainda mais longe: como provar que você mora na casa em que você mora, se não apresentar a cópia autenticada do comprovante de residência? E como requerer os seus direitos de proprietário se não estiver de posse da escritura do imóvel?


No meu caso, faço o alarde para outros papéis: os de importância hierárquica, os que estipulam valores, pois o papel higiênico está presente em quase todas as classes sociais desta nação, mas existe uma má distribuição de papeis penduráveis em parede. Certificados e diplomas. Os mesmos não têm o fácil acesso que dizem haver na nossa pátria, mas o duro é viver sem eles.


Por mais que você seja bom em qualquer coisa, sem nenhuma dúvida, algum dia, numa das entrevistas da vida, irão te pedir certificado de um curso preparatório daquilo que você se propôs a fazer. Mesmo sendo o melhor num raio de seis mil trezentos e setenta e um quilômetros (o raio da terra), se você for uma daquelas pessoas que são autodidatas assumidas, vai escutar a mesma frase de sempre, criada na sala de recursos humanos: "seu currículo é muito bom, entraremos em contato com você".


Não há vagas na minha concepção: estamos mesmo na Idade dos Papéis! Lembrando por fim que com o papel moeda realizamos e compramos todos os outros papeis, desde o higiênico até o emoldurado que fazemos questão de exibir em nossas paredes.




[Ao Som de Johnny Cash]

Nenhum comentário: